Quando li nos jornais uma declaração nesse sentido, de imediato, lembrei-me do livro “O acerto de contas de uma mãe”, de Sue Klebold, mãe de Dylan Klebold, um dos dois garotos que participaram do tiroteio na Escola de Ensino Médio de Columbine, nos EUA, em abril de 1999. Armados com pistolas e explosivos mataram doze alunos, um professor e deixaram vinte quatro alunos feridos para, em seguida, suicidaram-se.
A busca dessas respostas norteia a narrativa do livro e funciona como a montagem de um quebra cabeças que, se de um lado, oferece uma melhor compreensão do caso; por outro, reúne os cacos de uma mulher despedaçada pela tragédia.
Na medida em que se avança na leitura, também somos levados a procurar as razões que levaram Dylan aquele desfecho trágico. O que ocorre, no entanto, é que a cada página, nos deparamos com a sensação de que, isoladas ou mesmo em conjunto, as razões parecem insuficientes para justificar seu ato.
O relato e a pesquisa minuciosa realizada por Sue ao longo de dezesseis anos até a publicação do livro, nos convida a sermos mais cautelosos quanto às explicações simplificadoras a respeito de casos como este, ainda que venham dos chamados “especialistas” e, principalmente, quando as justificativas visam apontar culpados.
Sue Klebold. O acerto de contas de uma mãe – A vida após a tragédia de Columbine. Tradução: Ana Paula Doherty. Editora Versus, 2016.